Acidentes no meio líquido:
Todo ser vivo é constituído de células, ou por grupamentos de células, que se diferenciam, entre si, para formar diversos tecidos e esses tecidos sofrem adaptações para formar os órgãos;
Para manutenção da célula e também para garantir uma vida saudável, é necessário que o indivíduo apresente uma boa Função Cardiorrespiratória, afim de que a célula seja abastecida com oxigênio e também para que dela seja retirado o Gás Carbônico.
O sistema respiratório:
É através da respiração que o organismo obtém o O2 e elimina o CO2, sendo que tal troca gasosa é realizada pelos órgãos e estruturas do aparelho respiratório, que é constituído por:
1) fossas nasais;
2) faringe;
3) laringe;
4) traqueia;
5) pulmões (brônquios, bronquíolos e alvéolos).
Na inspiração, o ar entra pelas vias aéreas, e vai até os alvéolos pulmonares, que são completamente envolvidos por finos vasos sanguíneos, denominados capilares. É entre os capilares e os alvéolos que ocorre a troca gasosa, onde o O2 passa para o sangue (hematose), e o CO2 sai do sangue e vai para os alvéolos. Uma vez no sangue, o O2 junta-se a uma proteína chamada HEMOGLOBINA e é transportado, pela circulação, até o coração, e depois para todas as células do corpo. Uma vez dentro da célula, o O2 é captado pelas mitocôndrias, que irão utilizá-lo na produção de energia;
Como resultado dessa produção temos o CO2 que é expelido da célula, cai na corrente sanguínea, é captado pela hemoglobina, vai até o coração e , de lá, chega novamente aos pulmões, e é jogado para fora do corpo através da expiração, e então novamente inicia-se o ciclo;
Os movimentos de inspiração e expiração ocorrem graças aos movimentos dos músculos entre as costelas (intercostais) e ao diafragma, que separa o tórax do abdome.
Tipos de acidentes no meio líquido:
Também conhecida como hidrocussão ou choque térmico, ainda não tem suas causas totalmente explicadas, mas sabemos que ela causa uma arritmia cardíaca, devido a uma súbita exposição à água fria, podendo levar a uma Parada Cardiorrespiratória (PCR) e consequente morte;
Este tipo de acidente pode ser evitado-se antes de entrarmos na água molharmos o rosto;
Nos casos de Síndrome de Imersão em que não houve afogamento, deve-se sempre monitorar os sinais vitais da vítima, pois ela pode entrar em colapso a qualquer momento, necessitando então de uma rápida intervenção do socorrista a fim de que sejam restabelecidas suas funções vitais (pulso e respiração).
Hipotermia:
É a diminuição da temperatura corpórea devido à exposição a temperaturas acima ou abaixo do ponto de congelamento, podendo causar arritmia cardíaca, seguida de PCR, perda da consciência e consequente afogamento;
É a diminuição da temperatura corpórea devido à exposição a temperaturas acima ou abaixo do ponto de congelamento, podendo causar arritmia cardíaca, seguida de PCR, perda da consciência e consequente afogamento;
Uma vítima pode estar sofrendo de congelamento caso seu corpo perca mais calor do que ele produz. Os casos de morte por hipotermia variam entre 20 a 85%;
Os tipos de hipotermia variam de acordo com a temperatura da vítima, sendo que para se medir a temperatura é necessário que se tenha um termômetro que indique temperaturas baixas, ou seja, que possuam espectro maior do que os convencionais, pois os últimos somente indicam temperaturas entre 35 e 44º C. O termômetro mais indicado é o retal, pois possui espectro entre 28,6 e 44º C;
- hipotermia suave: (acima de 32º C) a vítima apresenta tremedeira, discurso incompreensível, lapsos de memória, mãos atrapalhadas;
Devido à queda da temperatura corpórea, teremos um vaso constrição periférica, o que irá causar a cianose das extremidades, mucosas. Enquanto o congelamento atinge mãos e pés, as vítimas de hipotermia queixam-se de dores nas costas e abdome;
- hipotermia profunda: (abaixo de 32º C) não há tremedeira, ao contrário, ocorre, na maioria das vezes o enrijecimento dos músculos similares à “rigidez cadavérica”. A pele da vítima apresenta uma coloração azulada e não responde à dor, o pulso e respiração diminuem sensivelmente e as pupilas dilatam-se, aparentando estar morta. Geralmente entre 50 e 80% das vítimas de hipotermia morrem;
Como sabemos, a temperatura média do corpo varia entre 36 e 37º C, o quadro de hipotermia inicia-se quando a temperatura do corpo cai abaixo dos 35º C, o que pode variar de organismo para organismo;
Socorrista que irá atender vítimas desse tipo de acidente, deverá tão breve quanto possível aquecer a vítima, conduzir ao PS e sempre monitorar os sinais vitais.
Entende-se por afogamento a aspiração de líquido não corporal causando asfixia;
A asfixia pode dar-se pela aspiração de água, causando um encharcamento dos alvéolos pulmonares, ou pelo espasmo da glote, que pode vir a fechar-se violentamente obstruindo a passagem do ar pelas vias aéreas, sendo que tais espasmos tão violentos são extremamente raros;
No caso de asfixia com aspiração de água, ocorre uma diminuição ou mesmo a paralisação da troca gasosa, devido o liquido postar-se nos alvéolos, não deixando assim que o O2 passe para a corrente sanguínea, e impedindo também que o CO2 saia do organismo. A partir daí as células que produziam energia com a presença de O2 (aerobicamente), passarão a produzir energia sem a presença dele (anaerobicamente), causando várias complicações no corpo, como, por exemplo, a produção de ácido lático, que vai se acumulando no organismo proporcionalmente ao tempo e ao grau de hipóxia (diminuição da taxa de O2);
Associado à hipóxia, o acúmulo de ácido lático e CO2, causam vários distúrbios no organismo, principalmente no cérebro e coração, que não resistem sem a presença do O2. Soma-se também a esses fatores a descarga adrenérgica, ou seja, a liberação de adrenalina na corrente sanguínea, devido à baixa de O2, o estresse causado pelo acidente e também pelo esforço físico e pela luta pela vida, causando um sensível aumento da frequência cardíaca, podendo gerar Arritmias Cardíacas (batimentos cardíacos anormais), que podem levar à parada do coração. A adrenalina provoca ainda uma constrição dos vasos sanguíneos da pele que se torna fria podendo ficar azulada, tal coloração é chamada de cianose;
A água aspirada e deglutida provoca uma pequena alteração no sangue, tais como, aumento ou diminuição na taxa de Sódio e de Potássio, além do aumento ou diminuição do volume de sangue (hiperou hipovolemia), (dependendo do tipo de água em que ocorreu o acidente), e destruição das hemácias. Com o início da produção de energia pelo processo anaeróbio, o cérebro e o coração não resistem muito tempo, pois bastam poucos minutos sem oxigênio (anóxia), para que ocorra a morte desses órgãos;
Levando-se em consideração que a água do mar possui uma concentração de 03% de NaCl (Cloreto de Sódio), e que o plasma sanguíneo possui uma concentração de apenas 0,9% de NaCl, caso seja aspirada água do mar, ela por ser mais densa que o sangue, promove uma “infiltração”, por osmose, do plasma no pulmão, tornando ainda mais difícil a troca gasosa;
Caso o afogamento ocorra em água doce, que possui concentração de 0% de NaCl, ocorre exatamente o contrário, devido o plasma ser mais denso que a água doce, fazendo com que a água passe para a corrente sanguínea causando uma hemodiluição e hipervolemia. Além desses fatores, a vítima de afogamento, tanto em água doce como salgada, geralmente desenvolverá um quadro de Inflamação Pulmonar, podendo evoluir para um quadro de Pneumonia (Infecção Pulmonar), devido à água aspirada e também pelas impurezas e microrganismos nela encontrados;
Apenas para conhecimento, em caso de anóxia, as células do coração podem resistir de 5 min até 1 hora, mas os neurônios, que são as células cerebrais, não resistem mais que 3 ou 5 min;
O afogamento pode ser dividido em:
1) afogamento primário;
2) afogamento secundário.
Afogamento primário é aquele decorrente diretamente do afogamento, sem que haja qualquer fator determinante anterior ao acidente;
Afogamento secundário é aquele em que a causa imediata da morte é o encharcamento alveolar, mas que isto decorreu de um fator determinante anterior.
Exemplos: uma convulsão, um AVC, um infarto do miocárdio, um tiro, um suicídio, a embriaguez, a queda de uma costeira com consequente inconsciência, etc..
Fases do afogamento:
O processo de afogamento envolve três estágios distintos, que podem ser interrompidos através da intervenção em sua ocorrência. São eles:
1) angústia;
2) pânico;
3) submersão.
Este processo é normalmente progressivo, porém, qualquer um dos estágios iniciais podem ser suprimidos completamente, dependendo de uma série de fatores.
Angústia:
A palavra ANGÚSTIA, talvez não seja a que melhor defina esta fase, mas é a que melhor se adapta à palavra original desta teoria: distress. Distress é stress ao dobro, e stress significa submeter alguém a grande esforço ou dificuldades, ou ainda causar receio ou estar perturbado. Para nós, a palavra que melhor se adapta, em nossa língua, é, então, angústia. Há algumas vezes um longo período de aumento da angústia antes do perigo real da emergência do afogamento;
Estas situações podem envolver nadadores fracos ou cansados em águas mais profundas que suas alturas, banhistas arrastados por uma corrente ou nadadores que apresentam cãibras ou traumas. durante a ocorrência da angústia, nadadores são capazes de se manterem na água com técnicas de natação ou equipamentos flutuantes, mas têm dificuldade de alcançar o grau de segurança necessário. Eles podem ser capazes de gritar, acenar por socorro, ou mover-se em direção à ajuda de outros;
Alguns nadadores nem sequer sabem que estão em perigo e podem nadar contra uma corrente sem, num primeiro momento, perceber que não estão obtendo sucesso;
A ocorrência da angústia pode durar alguns segundos ou pode prolongar-se por alguns minutos ou até mesmo horas. À medida que a força do nadador esgota-se, a ocorrência da angústia progredirá ao pânico se a vítima não for resgatada ou ficar em segurança;
Guarda-vidas alertas em uma praia guarnecida são perfeitamente capazes de intervir durante a fase de angústia no processo do afogamento. De fato não é incomum algumas pessoas protestarem que elas não precisam de ajuda porque elas ainda estavam para se sentir angustiadas, embora possa parecer claro para o guarda-vidas que elas estavam em perigo óbvio;
Angústia dentro d’água é sério, mas esta fase de afogamento nem sempre ocorre. Se ocorrer, a rápida intervenção nesse estágio pode assegurar que a vítima não sofra qualquer efeito do afogamento e possa assim continuar se divertindo o resto do dia. A USLA (United States Lifesaving Association) estima que 80% dos salvamentos em praias de arrebentação ocorram devido a correntes de retorno. Em tais casos a fase de angústia é típica.
Pânico:
O estágio do pânico do processo de afogamento pode se desenvolver do estágio da angústia, à medida que a vítima perca suas forças, ou pode começar imediatamente à imersão da vítima na água. No estágio do pânico, a vítima é incapaz de manter sua flutuabilidade devido à fadiga, completa falta de habilidade natatória, ou algum problema físico. Por exemplo, um nadador fraco que cai de um equipamento flutuante pode imediatamente entrar no estágio do pânico. Há pouca evidência de qualquer braçada de sustentação efetiva;
A cabeça e o rosto estão voltados para água, com o queixo geralmente estendido. A vítima concentra toda sua energia para respirar, de forma que não há grito por socorro. O pânico irrompeu, tomou conta do banhista;
A vítima em pânico pode usar uma braçada ineficiente, parecida com o nado cachorro. Guarda-vidas se referem à aparência das vítimas como “escalando para fora do buraco” ou “subindo a escada”. O estágio do pânico raramente dura muito por causa de que as ações da vítima são extremamente ineficientes. Alguns estudos sugerem que dura normalmente entre 10 e 60 segundos, para desse estágio poder progredir imediatamente para a submersão, a menos que ela seja resgatada. Portanto o guarda-vidas deve reagir muito rapidamente.
Submersão:
Ao contrário da crença popular, a maioria dos afogamentos não resulta em uma pessoa boiando emborcada (flutuando em decúbito ventral). Apesar do aumento da flutuabilidade proporcionado pela água salgada, pessoas sem um equipamento flutuante que perdem sua habilidade para se manter flutuando submergem e vão até o fundo;
Em água doce, que proporciona muito menos flutuabilidade que a água salgada, a submersão pode ocorrer extremamente rápido. A submersão pode não ser fatal se a vítima for resgatada a tempo, mas isso pode ser uma tarefa muito difícil. Diferentemente da água cristalina das piscinas, o mar aberto é frequentemente escuro e a visibilidade na água pode ser muito baixa ou até zero. As correntes e a ação da arrebentação podem deslocar o corpo para uma distância significativa do ponto de submersão inicial;
Uma vez ocorrida a submersão, a chance de um resgate bem sucedido diminui dramaticamente. Isto faz com que na fase da angústia ou do pânico seja crucial;
Baseada na experiência de guarda-vidas profissionais em praias, a USLA acredita que há um intervalo de até dois minutos com maior possibilidade de um resgate com sucesso e ressuscitação de vítimas submersas. Após isto, as chances de resgate com êxito diminuem rapidamente. Em águas frias, salvamentos bem sucedidos têm sido documentados após uma hora de submersão ou mais, porém estes são casos extremamente raros.
Item 2.2.4 adaptado de: “The United States Lifesaving Association Manual of Open Water Lifesaving” –B. Chris Brewster (Editor) –1995 –Pontice –Hall, Inc., Páginas 75 e 76 Traduzido por: Sandro Magosso –1º Ten PM –Ch StOI –Abr/98
Graus de afogamento:
Para que haja uma melhora no atendimento às vítimas de afogamento, bem como uma padronização na maneira de se prestar os primeiros socorros a tais vítimas, existe a necessidade de se graduar o afogamento, pois cada vítima, dependendo de seu estado, necessita de cuidados médicos diferenciados;
Partindo-se desse princípio, separamos o afogamento em 06 (seis) graus diferentes, onde levamos em consideração o batimento cardíaco, a respiração, e a pressão arterial;
Todos os casos de afogamento podem apresentar hipotermia, náuseas, vômitos, distensões abdominais, tremores, cefaleia, mal estar, cansaço, dores musculares, dor no tórax, diarreia e outros sintomas inespecíficos;
Após a aspiração de água, uma vítima pode apresentar sons diferentes dos usuais durante a respiração, pois existe água em seus pulmões. São eles: 1)
SIBILOS:
são chiados no peito, semelhantes aos chiados de indivíduos com crise de asma e ocorrem principalmente durante a expiração, denotando a presença de uma pequena quantidade de água dentro dos pulmões; 2)
RONCOS:
são barulhos semelhantes ao som produzido quando sopramos através de um canudo dentro de um copo com água e ocorrem tanto na inspiração quanto na expiração, denotando desta feita, uma quantidade importante de água aspirada; 3)
ESTERTORES:
São sons semelhantes aos roncos, porém mais agudos (finos), lembrando o som produzido quando esfregamos um tecido em outro, próximo ao ouvido, sinalizando grande quantidade de água aspirada.
Baseados nas informações acima, já temos condições de estudar os graus de afogamento, seus sintomas e quais os procedimentos para o socorrista que irá prestar os primeiros socorros.
Afogamento grau 1:
As vítimas que apresentam esse grau de afogamento, aspiraram uma quantidade mínima de água, suficiente para produzir tosse. Geralmente têm um aspecto geral bom, e a ausculta pulmonar normal ou com sibilos ou roncos, sem o aparecimento de estertores sendo que seu nível de consciência é bom com a vítima apresentando lucidez, porém podem estar agitadas ou sonolentas;
Tais vítimas sentem frio e têm suas frequências cardíacas e respiratórias aumentadas, devido ao esforço físico, estresse do afogamento e também pela descarga adrenérgica. Não apresentam secreções nasais e bucais e podem ainda estar cianóticas devido ao frio e não devido à hipóxia;
Tratamento: verificação dos sinais vitais:
1) fazer a vítima repousar;
2) tranquilizar;
3) aquecer;
4) liberação no local.
Afogamento grau 2:
É apresentado pelas vítimas que aspiram quantidade de água suficiente para alterar a troca gasosa (O2-CO2). Se for constatada cianose, nos lábios e dedos, temos o comprometimento do sistema respiratório;
Verifica-se também o aumento das frequências cardíacas e respiratórias, sendo notada também a presença de estertores durante a auscultação pulmonar de intensidade leve a moderada, em alguns campos do pulmão;
Tratamento: verificação dos sinais vitais:
1) aquecimento corporal;
2) apoio psicológico;
3) ministrar O2 a 10 Lpm;
4) atendimento médico especializado.
Afogamento grau 3:
Neste grau de afogamento a vítima aspira uma quantidade importante de água, apresentando sinais de insuficiência respiratória aguda, com dispnéia intensa (dificuldade respiratória), cianose de mucosas e extremidades, estertoração intensa, indicando um edema pulmonar agudo, e também a presença de secreção nasal e bucal;
Deve-se tomar cuidados com as vítimas no que tange a vômitos, pois pode ser um fator de agravamento caso não sejam tomadas medidas para evitar a aspiração. Para evitar que haja aspiração de vômito, deve-se virar a cabeça da vítima para o lado;
No grau 3 a vítima apresenta taquicardia (frequência cardíaca acima de 100 batimentos por minuto), contudo sem hipotensão arterial (pressão arterial sistólica menor que 90mmHg), além de uma grande quantidade de espuma na boca e nariz;
Tratamento: verificação e monitoração dos sinais vitais:
1) ministrar O2 de 10 Lpm, devido à dispnéia;
2) aquecimento corporal;
3) deitar a vítima lateralmente com o lado direito apoiado no chão;
4) atendimento médico especializado.
Afogamento grau 4:
O afogamento grau 4 se assemelha muito com o grau 3, porém a diferença é que no grau 4 a vítima apresenta um quadro de hipotensão, que pode ser verificada com a ausência de pulso radial, a vítima apresenta taquicardia;
Cabe lembrar que as diferenças entre o grau 3 e o grau 4 só serão importantes para o atendimento hospitalar, sendo que para o socorrista o procedimento não difere muito de um caso para o outro;
Tratamento: verificar e monitorar sinais vitais:
1) ministrar O2 de 10 Lpm;
2) aquecer a vítima;
3) deitar a vítima lateralmente com o lado direito apoiado no chão;
4) atendimento médico especializado.
Afogamento grau 5:
Nos casos de afogamento em grau 5, a vítima apresenta-se em apnéia (parada respiratória), contudo apresenta pulso arterial, indicando atividade cardíaca. Apresenta um quadro de coma leve a profundo (inconsciente) com cianose intensa grande quantidade de secreção oral e nasal;
Tratamento: verificação e monitoração dos sinais vitais:
1) efetuar ventilação na vítima (boca a boca, AMBU);
2) aquecer a vítima;
3) atendimento médico especializado.
Afogamento grau 6:
Trata-se da Parada Cardiorrespiratória, representada pela apnéia e pela ausência de batimentos cardíacos;
Tratamento:
Efetuar Reanimação Cárdio Pulmonar (RCP):
1) em se obtendo sucesso na RCP deve-se aquecer a vítima;
2) monitorar sinais vitais;
3) ministrar O2a 10 Lpm;
4)atendimento médico especializado.
Além disso, cabe fazer algumas observações quanto aos graus de afogamento:
1) os graus de afogamento não têm caráter evolutivo, ou seja, uma vítima que apresenta grau 6, caso ela tenha suas funções cardiorrespiratórias restabelecidas, ela continua sendo uma vítima grau 6, porém teve retorno de seu pulso e respiração, portanto o grau de afogamento deve ser estabelecido assim que o socorrista chegar à vítima e analisá-la. Tal melhora no quadro clínico não representa uma evolução de grau;
2) devemos sempre lembrar que o termo “GRAUS DE AFOGAMENTO” refere-se somente à vítimas de afogamento, ou seja, vítimas que aspiraram água. Portanto um salvamento no qual a vítima não aspirou água não se trata de afogamento, ou seja, tal vítima não possui grau de afogamento;
3) devemos deitar a vítima lateralmente com o lado direito para baixo, porque o pulmão direito é sempre o primeiro a ser afetado por conta de sua anatomia, portanto se o colocarmos num plano mais baixo, a gravidade trará água do pulmão esquerdo para o direito, fazendo com que ele fique com a água aspirada enquanto o outro supre todas as necessidades metabólicas de troca gasosa.
O apagamento é uma forma de desmaio que ocorre sob a água podendo levar a vítima ao afogamento caso não seja retirada do meio líquido. Ocorre por falta de oxigenação cerebral, quando a vítima permanece em apnéia prolongada, além de sua capacidade;
O apagamento ocorre quando o bulbo cerebral, que é responsável pela manutenção em níveis normais das taxas de O2 e CO2 na corrente sanguínea, percebe uma queda muito grande na concentração de O2;
Sabemos que as taxas de O2 e CO2 são inversamente proporcionais, ou seja, se cai O2 aumenta CO2 e vice-versa. Pois bem se respirarmos normalmente as referidas taxas estarão equilibradas, porém se segurarmos nossa respiração haverá uma queda no O2 e aumento de CO2. Quando o CO2 atinge uma certa proporção temos um impulso incontrolável de respirar para que seja restabelecido o equilíbrio. Porém a taxa de O2 desce e quando atinge certa proporção o bulbo interpreta a queda como “perigo” e então “desliga” o corpo, fazendo assim com que seja consumido menos oxigênio;
Então explicado o mecanismo do apagamento, consideremos a seguinte situação:
Um aluno de um curso de mergulho, antes de realizar um exercício em apnéia efetua uma hiperventilação, mergulha para o exercício e apaga. O que aconteceu? Pois bem, com a hiperventilação existe a crença de que estamos aumentando a taxa de O2 em nosso sangue, proporcionando assim um acréscimo no tempo em apnéia, porém o que ocorre é que a taxa de O2 não se altera, mas a de CO2 sim, ela tem um decréscimo muito acentuado.
Então sendo a taxa de CO2 a responsável por fazer com que o bulbo dispare o impulso de respirar, ela em condições normais levaria um tempo “x” para atingir seu nível crítico, mas com a hiperventilação esse tempo será “x + y”, pois o acumulo de CO2 no sangue será menor que em condições normais, ou seja, ele terá mais tardiamente o impulso de respirar;
Sabendo-se que a taxa de O2 é o fator que constitui o “gatilho” para o apagamento, temos aí o problema: antes que o mergulhador tenha vontade insuportável de respirar, a taxa de O2 já caiu para níveis críticos, causando o apagamento. Mas acontece que a taxa de CO2 continua a subir e quando for atingido o seu limite, o bulbo irá disparar o impulso de respirar, causando assim um afogamento;
Para o socorrista, quando notar uma vítima de apagamento, o mais importante é que se retire a cabeça da vítima de dentro da água o mais rápido possível e aguardar o impulso da respiração que virá naturalmente, tomando o cuidado de liberar as vias aéreas para maior comodidade da vítima. Caso não tenha tido tempo hábil e a vítima já tenha aspirado água, o socorrista deve proceder conforme o grau de afogamento.
Fonte: Comissão de Padronização de Salvamento Aquático, Do Corpo De Bombeiros Da PMESP
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